Nebulosa de Órion foi fotografada com técnica nunca utilizada pelo observatório da Unesp de Bauru (SP) — Foto: Observatório Didático de Astronomia “Lionel José Andriatto”/Divulgação
A equipe do Observatório Didático de Astronomia “Lionel José Andriatto”, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru (SP), fotografou a Nebulosa de Órion com a utilização de uma técnica até então inédita no órgão.
O registro foi feito enquanto os pesquisadores fotografavam um cometa na noite de 8 de fevereiro e a divulgação das imagens se deu neste domingo (26).
A nebulosa fica visualmente próxima das Três Marias, também conhecido por Cinturão de Órion.
Segundo o professor Rodolfo Langhi, coordenador do observatório, é preciso usar técnicas específicas e ter muita paciência para executar esse tipo de fotografia.
“Usamos um telescópio motorizado para acompanhar o movimento de rotação da Terra. Acoplado ao telescópio usamos uma câmera digital”, detalhou o docente.
Imagem da Nebulosa de Órion sem tratamento obtida pelo observatório da Unesp de Bauru (SP) — Foto: Observatório Didático de Astronomia “Lionel José Andriatto”/Divulgação
Fotografar nebulosas não é como fazer fotos de pessoas ou de paisagens, segundo o especialista, pois elas são astros de fraco brilho.
“Nem nossos olhos conseguem enxergar as cores da nebulosa, por ser tão fraco o seu brilho. Ao observar pelo telescópio, nosso olho apenas vê uma manchinha esbranquiçada” – esclarece o professor.
Para obter bons resultados, é necessário fazer inúmeras fotos iguais na mesma noite, sob as mesmas condições.
A próxima etapa é usar um software específico que junta todas as fotos em uma única imagem, processo conhecido por “empilhamento”.
No processo, os detalhes da nebulosa são realçados e melhor definidos, pois pequenos registros em cada foto são somados aos demais para produzir um só resultado aprimorado no final.
Imagens utilizam técnica utilizada pela primeira vez pelo observatório da Unesp de Bauru — Foto: Observatório Didático de Astronomia “Lionel José Andriatto”/Divulgação
Por fim, o último passo, e o mais trabalhoso e demorado, é realizar um tratamento na imagem final, usando softwares adequados que destacam detalhes e partes da nebulosa que antes não apareciam na imagem, mas estavam lá no arquivo da foto.
“É neste tratamento que eliminamos ruídos na imagem e tentamos reduzir os efeitos ruins da poluição luminosa, causada pelo excesso de luz dos postes urbanos mal projetados, que lançam luz para o céu ao invés de concentrar a emissão de luz para o chão”, explica Guilherme Bellini, um dos monitores do observatório, que se especializou neste trabalho de astrofotografias.
Ele explica que a foto final deve mostrar a real aparência da nebulosa, ou pelo menos seu visual mais próximo do que acreditamos ser.
“Se exagerarmos no tratamento, a foto da nebulosa pode ficar um tanto artificial”, completa Guilherme. Por isso, as técnicas usadas assemelham-se ao trabalho dos astrônomos profissionais especialistas no tratamento das imagens obtidas pelos telescópios espaciais da NASA.